No Brasil, até 1934, as mulheres não tinham o direito de votar por serem consideradas inferiores. Os homens da década de 20 achavam que as mulheres viviam sobrecarregadas com responsabilidades domésticas para terem tempo de avaliar questões políticas e que elas podiam confiar que seus maridos tomassem essa decisão por elas. Pensar que o voto feminino fora vetado por tanto tempo é algo impressionante para a sociedade contemporânea, felizmente evoluímos ao ponto de reverter esse cenário (mesmo que ainda tenha muito o que progredir).
Levamos nossas vidas nos orientando por crenças e valores que acumulamos ao longo dos anos. É natural que com o passar do tempo e a evolução da sociedade, algumas dessas crenças sejam revistas. Muita coisa mudou (como o voto feminino) mas ainda há muito o que repensar em nosso caminho em direção ao futuro. Porém o que acontece se alguma crença não pudesse ser revista e refutada com base em novos fatos ou novos pontos de vista? Ela vira um dogma.
O que é um dogma?
Onde vivem os dogmas
Vejamos a fantástica história de Xenu. Ele foi um ditador que, no rescaldo de uma guerra intergalática, congelou indivíduos da raça Thetans, os transportou à Terra em naves espaciais (muito parecidos com nossos aviões comerciais) e os jogou em vulcões sobre os quais bombas atômicas foram lançadas. As almas dos Thetans foram então aprisionadas, forçadas a colocar óculos 3D e assistir a vídeos de sexo e guerra. Depois de muito tempo as almas foram libertadas e ficaram vagando na Terra. Quando os seres humanos surgiram (muito tempo depois de tudo que falamos antes) as almas dos Thetans encarnaram nos pobres humanos sendo assim a causa de todas nossas inseguranças e medos. Esse é o dogma da criação do mundo segundo a Cientologia e como um bom dogma “deve” ser aceito.
A crença na existência de uma infinidade de mundos espalhados em um universo infinito levando a possibilidade de vida inteligente fora da Terra fez com que a inquisição condenasse Giordano Bruno à pena de morte. O filósofo italiano foi acusado de heresia em matéria de teologia dogmática (entre outros crimes) e, ao se recusar a abrir mão de suas crenças, morreu na fogueira.
O que é melhor para tratar uma doença: tomar um remédio ou pingar uma gota do remédio em uma piscina de 10000 litros e depois tomar uma gota dessa água? Segundo a homeopatia quanto mais diluída estiver a substância maior é o efeito curador do “remédio”. Apesar de não haver provas científicas da efetividade dessa prática, a homeopatia segue popular. Um dos casos mais famosos, que demonstram o perigo da prática, é o da australiana Penelope Dingle. Seguindo os conselhos de seu marido homeopata ela tratou seu câncer retal com remédios homeopáticos. Quando finalmente decidiu aceitar o tratamento alopático já era tarde demais. Penelope acabou vindo a falecer e, de acordo com o legista, esse trágico resultado foi consequência de “desinformação e ciência mal feita”. O princípio da diluição é um dos dogmas da homeopatia.
Concluindo
Já falamos sobre opinião aqui no site, em resumo, opinião é a conclusão que alguém tem a respeito de um assunto qualquer influenciado por suas próprias concepções e experiências. Opinião não é fato. Opiniões podem e devem ser mudadas face a novos pontos de vista e novas informações, do contrário elas se transformam em dogmas.
Dogmas se aproveitam de momentos nos quais decidimos, por necessidade de pertencer a um grupo, por preguiça intelectual ou pura ingenuidade, aceitar afirmações sem embasamento. Qualquer crença que impeça a evolução da sociedade, que cause sofrimento a quem a carrega ou que inflija sofrimento a outros é ruim. Não abra mão de questionar.