Soluções Inteligentes

Como identificar humanos, reconhecer cães e não pagar academia

luis_von_ahnO que você acha de não pagar para frequentar academia ? Ótima ideia, né ? Quando tinha 12 anos, Luis Von Ahn pensou em uma forma de tornar a malhação gratuita: todos os aparelhos de ginástica seriam adaptados para gerar energia elétrica (lembra dos faróis de bicicleta?). Essa energia seria então vendida para a companhia energética. Ou seja, pagaríamos a academia literalmente com nosso suor!

Só tem um problema: essa forma de gerar energia é péssima em termos de eficiência. Não dá para substituir a mensalidade pelo valor da venda da energia, pois quase não se produz energia.

Luis, entretanto, não desistiu da idéia de transformar uma atividade que as pessoas querem/precisam fazer em uma atividade que elas querem/precisam, mas que produz um resultado “a mais”. Como ele mesmo diz:

“É pegar algo que as pessoas sempre fazem e tentar extrair algum valor disso”

Categorizar imagens

Em 2004, os computadores eram piores do que são hoje em reconhecer imagens. Não era fácil, por exemplo, analizar uma imagem de um cachorro e conseguir identificar que se trata de um cachorro, ao invés de um gato, um cavalo ou uma bola colorida. Para que um site de busca pudesse te mostrar imagens de cachorro ele precisaria ter uma lista de imagens ligadas a esse termo. Luis resolver enfrentar esse problema. Ele criou um jogo online no qual você e um parceiro de qualquer lugar do mundo iam vendo uma sequência de imagens. A cada imagem o jogador precisa digitar palavras que ele acha que seu parceiro também vai digitar. Quanto mais palavras coincidentes mais pontos ambos ganham, e mais alto no ranking do site os jogadores sobem. Obviamente quando ambos visualizam a imagem de um cachorro eles irão digitar coisas como: “cachorro”, “cão”, “animal de estimação”, etc. Dessa forma o jogo vai gerando listas de imagens relacionadas a palavras, ajudando assim a resolver o problema de classificação. O jogo fez tanto sucesso que foi comprado pelo Google.

Detectar humanos

Você com certeza já se deparou com formulários na Internet que te pedem para identificarrecaptcha um conjunto de caracteres em uma imagem e digitá-las em um campo de texto. Isso existe para evitar que programas de computador “abusem da Internet”. Programas não são tão bons em reconhecer esses caracteres como nós humanos, portanto a existência desse mecanismo impede que sistemas automatizados criem, por exemplo, centenas de contas de email no GMail para enviar spam.

Se por acaso você já visitou algum site que te pede para identificar duas palavras ao invés de apenas uma, você caiu em outra invenção de Luis Von Ahn. O que ocorre é que para uma das imagens o site sabe a resposta correta, mas ele não sabe o que é a outra. Se você errar a palavra que o sistema já conhece, ele vai te avisar e te mostrar outra, porém, se você errar somente aquela que ele não sabe, nada acontece. Para que serve essa palavra que o programa não sabe o significado ? Serve para ajudar a digitalizar livros e reconhecer texto em outras imagens. Computadores ainda são ruins em analisar uma foto que contém um número de uma casa e entender qual é o número. Imagens como essas, que não foram identificadas automaticamente, são enviadas para que usuários da Internet as identifiquem. Quando um número considerável de pessoas identifica a imagem desconhecida usando a mesma palavra, o sistema de Luis entende que essa deve ser a “tradução” correta: ele então registra essa correspondência e não mostra mais essa imagem para outros internautas.

Traduzindo a Internet

Uma das criações mais recentes de Luis é o Duolingo. Nesse site é possível aprender várias línguas como Inglês, Francês e Espanhol. O site é bem fácil de usar e tem um visual moderno e atrativo. Enquanto o estudante faz as lições, ele acumula pontos e vai avançando nos níveis de aprendizado, como em um jogo.

duolingo_aprenda_de_graca

Segundo Luis, uma pesquisa indicou que 34 horas investidas no aprendizado de uma língua no site corresponde a um semestre de aprendizado dessa mesma língua em uma sala de aula convencional. O serviço é completamente gratuito. Como você deve estar imaginando, assim como nos outros exemplos, há uma “efeito colateral” no Duolingo. No site há uma forma de praticar a língua chamada “imersão” na qual os estudantes são encorajados a traduzir diversos textos de sua língua nativa para a que estão aprendendo (e vice-versa). O mesmo texto é apresentado a vários alunos e eles têm a oportunidade de classificar, como “boa” ou “ruim”, as traduções uns dos outros. Com o tempo o site chega numa tradução com qualidade semelhante a de um profissional. E adivinhem? Os textos que são traduzidos vem de jornais e revistas que pagam o Duolingo para traduzí-los. Ou seja, Luis mantém o serviço cobrando pelas traduções coletivas feitas pelos alunos!

O vídeo abaixo é de uma palestra na conferência TED na qual Luis fala sobre tudo que comentamos nesse artigo.

Conhece algum outro caso parecido com os que mostramos aqui? Compartilhe conosco usando os comentários abaixo!

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