É o seu primeiro dia de aula, o professor começa a tratar de alguns assuntos que todos ao seu redor parecem saber, mas você desconhece. Você quer fazer perguntas mas tem receio de parecer um idiota no meio de todos. Imagine outro cenário: você está em uma reunião de trabalho, vários temas são abordados e você é destacado para desenvolver uma atividade que tem como pré-requisito um conhecimento que você não tem. Com receio do que os outros vão pensar, você não diz nada e aceita a atividade sem questionamentos.
Todos temos receio de demonstrar ignorância, mesmo sabendo que ninguém sabe tudo. Quando esse receio se torna grande demais ele pode evoluir para uma fobia chamada “atelofobia“, que pode ser entendida como “o medo de não ser bom o suficiente”.
O que não fazer
Cada um lida de uma forma diferente com a insegurança intelectual, alguns o fazem de forma negativa, como, por exemplo, o ex-presidente americano, George W. Bush. Ele protagonizou várias situações nas quais fica clara sua dificuldade em lidar com sua própria insegurança intelectual. Em 2005, durante uma reunião em sua sala da qual participavam várias pessoas, entre elas o PhD e secretário de energia Samuel Boldman, ocorreu o seguinte diálogo:
BUSH: Fico feliz que o secretário de energia tenha podido se juntar a nós hoje. Ele é um bom homem e sabe muito do assunto, vocês ficarão felizes em escutá-lo. Eu estava brincando com ele — ele deu aulas no MIT. (Boldman,) você tem um PhD certo?
BOLDMAN. Sim.
BUSH. Sim, um PhD (risos). Agora eu quero que vocês prestem bastante atenção nisso: ele é o PhD, e eu fui um estudante mediano, mas vejam quem é o conselheiro e quem é o presidente .
Desmerecer outras pessoas ou criticá-las para tentar minar sua capacidade (compensando, de alguma forma, sua própria incapacidade) não é, obviamente, uma boa maneira de lidar com sua insegurança.
O que fazer
Em uma entrevista, o famoso escritor Malcolm Gladwell contou como seu pai, um PhD em matemática, não tem receio de fazer perguntas bobas e parecer um idiota. Em qualquer cenário, ao não entender alguma coisa, ele simplesmente pergunta. E segue perguntando até entender. E essa é a primeira, e a principal, dica de como lidar com a insegurança intelectual: tenha coragem e humildade de perguntar.
Ao sentir medo de tirar sua dúvida tenha em mente que só porque ninguém mais perguntou, não quer dizer que outras pessoas não estão com a mesma dúvida. Antes de desistir de perguntar pense no pior que pode acontecer: alguém vai rir de você? Pode ser que sim. Alguns rirão por genuinamente acharem engraçado você não saber do tema, mas elas não vão pensar que por isso você é automaticamente inferior. Outros vão rir por prazer em se sentir superiores, esses possuem problemas maiores que o seu e não devem ser levados em consideração.
Perguntar é o caminho para aprender, quem faz perguntas será capaz de usar esse conhecimento para ajudar outras pessoas no futuro. Perder uma oportunidade de aprender, por medo de perguntar, é pior que qualquer eventual vergonha que possa vir depois de uma pergunta. Todos precisamos dos outros e para crescer precisamos aceitar essa realidade.
A insegurança intelectual também se manifesta quando somos perguntados algo que não sabemos (mas que achamos que deveríamos saber). Nesses casos é preciso aprender a dizer as três palavras que, segundo Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner autores do livro “Pense como um Freak”, são as mais difíceis de dizer: “eu não sei” . Não se martirize por não saber algo e não fique se convencendo que essa lacuna revela algo maior e profundo sobre sua capacidade intelectual. Os autores ainda acrescentam que logo após dizer “eu não sei” devemos completar dizendo “mas talvez eu possa descobrir”. Faça isso, vá em busca da resposta que você não tem e a entregue quando descobrir. A melhor hora para preencher uma lacuna de conhecimento é no momento que você a percebe. Caso não seja possível correr atrás da resposta no momento, faça um nota mental de fazê-lo assim que possível.
Conclusão
Existe muito conhecimento disponível hoje em dia e não saber algo é cada vez mais comum. Todos temos muito conhecimento em determinados assuntos e muito pouco (ou nada) na maioria dos outros. Ser inteligente não significa ser onisciente. Ser inteligente é estar disposto a aprender. Sempre.